Resenha: Romanzi a Fumetti 1 – Dragonero domingo, jan 20 2019 

Este é o segundo da minha série de artigos sobre as revistas Bonelli que ganhei. No artigo anterior eu falei dos One-Shots da Sergio Bonelli Editore. Embora não tenham tido sucesso, essas obras abriram caminho para projetos mais interessantes – e este foi um deles!

Felizmente as edições coloridas têm cores melhores do que essa capa!

Capa do Romanzo a Fumetti original.

Publicada em Junho de 2007, a primeira edição da nova série Bonelli Romanzi a Fumetti foi a revolução que os One-Shots haviam falhado completamente em ser. A edição tinha impressionantes 296 páginas (das quais 284 de história), mas com um atrativo adicional que faltava aos One-Shots, qualidade!

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Grandes personagens dos quadrinhos – Popeye sexta-feira, jan 18 2019 

Hoje faz exatos 90 anos que apareceu pela primeira vez um dos maiores personagens de quadrinhos de todos os tempos, Popeye!

Que tatuagem mais estranha...

Imagem promocional dos 90 anos de Popeye.

É preciso antes falar um pouquinho sobre seu criador E. C. Segar e a tira onde ele apareceu pela primeira vez, Thimble Theater.

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Resenha: One-Shots Bonelli segunda-feira, jan 7 2019 

Em 2016 ganhei do presidente do clube Tex Portugal e administrador do blog Tex Willer em português, o meu amigo José Carlos Francisco, uma verdadeira montanha de edições Bonelli. Considerando a minha muito limitada disponibilidade de tempo de leitura imagino que ainda vou levar anos para terminar de ler tudo, mas pretendo aproveitar para resenhar as edições mais interessantes aqui no blog. Esta é a primeira dessas resenhas.

Essas capas são muito feias...

As minhas cópias dos dois one-shots da Bonelli.

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Falecimento de Marcel Gotlib terça-feira, dez 6 2016 

Este domingo, dia 4 de Dezembro de 2016, foi um dia triste na França. Ele foi marcado pelo desaparecimento daquele que foi um dos maiores autores de quadrinhos de humor de todos os tempos, Marcel Gotlib.

Eu via as animações com a joaninha no Cartoon Network!

Marcel Gotlib e sua personagem mais famosa, a Joaninha.

A história de vida de Marcel Mordekhaï Gotlieb (seu nome verdadeiro) não sugere que ele um dia se tornaria um grande humorista. Nascido em Paris no dia 14 de Julho (data nacional francesa) de 1934, Gotlib era filho de imigrantes judeus húngaros, o que lhe valeu uma série de infortúnios durante a Segunda Guerra Mundial. Seu pai, que o jovem Gotlib idolatrava, foi preso e deportado em 1942, morrendo no campo do concentração de Buchenwald em 1945. Por ser uma criança judia, Gotlib foi obrigado a usar uma estrela amarela nas roupas e escapou por muito pouco de ter o mesmo destino do seu pai. Sua mãe enviou ele e sua irmã mais nova para uma família de acolhimento no interior da França, que os abrigou durante a maior parte da ocupação nazista. Todo esse sofrimento foi demasiado para a pobre senhora, que ficou com graves sequelas psicológicas. Ao reencontrar a mãe após a guerra, o pequeno Marcel ficou aturdido quando esta não o reconheceu!

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Grandes personagens dos quadrinhos – Spirou e Fantasio domingo, fev 14 2016 

A editora SESI-SP anunciou há poucos dias que publicaria a série Spirou e Fantasio, uma das mais famosas da Bélgica. Mas quem são esses personagens, tão pouco conhecidos dos brasileiros? Bem, a história deles confunde-se com a da revista em quadrinhos Spirou, que é publicada na Bélgica até hoje.

Nem Spip leva Fantasio a sério...

O trio de protagonistas na visão da dupla Tome e Janry. Da esquerda para a direita, Spirou, o esquilo Spip e Fantasio.

No (admitidamente longo) texto abaixo eu vou dar um resumo da história da série, que é a mais importante HQ não-autoral de língua francesa. Não se assustem com o tamanho, que vale a pena a leitura!

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A morte de Jean “Moebius” Giraud segunda-feira, mar 19 2012 

Escrevi este texto no último dia 10 para marcar o falecimento do grande Jean “Moebius” Giraud. Esta é uma versão revista e ampliada para o blog:

Poucas pessoas têm a honra de se tornar uma lenda em seu próprio tempo. Menos ainda podem ser consideradas os nomes mais importantes da sua área. Jean Giraud, o Moebius, falecido hoje cedo na França, era as duas coisas.

Nada mais justo que um desenho de Enki Bilal para homenagear Moebius...

Capa do jornal Libération em homenagem a Moebius. Arte de Enki Bilal.

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Tonkaradani, a obra mais obscura de Osamu Tezuka sábado, dez 17 2011 

Soube com algum atraso da nobre iniciativa do Tezuka Day. Ora, como fã incondicional de Osamu Tezuka, eu nunca poderia deixar essa data passar em branco! E decidi reavivar o meu blog só para homenagear aquele que foi o maior autor de mangá (e quiçá de quadrinhos como um todo) de todos os tempos!

Mas sobre o que escrever? Como muitas das principais obras dele já estavam sendo comentadas por outros, era preciso que fosse um material bastante obscuro. Então eu fui atrás daquela que deve ser a obra mais obscura do autor: Tonkaradani Monogatari!

Castiga o pandeiro aí! Ziriguidum, telecoteco, balacobaco!

Capa da edição francesa de Tonkaradani, que referencia a adaptação de Mignon

Tonka o quê?

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Editoras japonesas entram no mercado francês segunda-feira, abr 5 2010 

Não é de hoje que o mangá faz sucesso na França. De quinze anos para cá os quadrinhos de origem japonesa tiveram um crescimento exponencial no mercado gaulês, passando de meia dúzia de séries a cerca de 40% das HQs publicadas na França!

Não admira portanto que as editoras japonesas, enfrentando uma queda contínua de vendas no mercado doméstico, tenham decidido entrar diretamente no mercado de quadrinhos francês, o segundo maior do mundo a seguir ao nipônico.

A primeira a fazer isto é o Grupo Hitotsubashi, holding que controla as editoras  Shogakukan, Shueisha, Hakushensha e uma infinidade de outras editoras japonesas. Esse poderosíssimo grupo editorial já operava nos EUA (e, desde 2007, também na Europa) através da sua filial Viz Media, mas não publicava diretamente na França, onde seus mangás são licenciados por editoras como Glénat, Kana (divisão de mangás da francesa Dargaud), Pika (subsidiaria do gigantesco grupo editorial Hachette) e Tonkam (filial da Delcourt).

Isso mudou em Agosto do ano passado, quando a Viz Media adquiriu a distribuidora de animes gaulesa Kaze. De um só golpe a Viz ficou dona não apenas da maior distribuidora de animes da França (com filiais em outros países da região, em particular a Alemanha), como também levou “de brinde” a editora de mangás da Kaze, a pequena Asuka, até então destacada apenas por sua publicação das obras do mestre Osamu Tezuka e de material Yaoi. Embora a decisão de adquirir a Kaze pareça ter sido motivada mais pelo sua presença no mercado de animes,  o grupo resolveu não desperdiçar esta oportunidade de atuar também no próspero mercado de mangás francês!

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Disney compra a Marvel domingo, nov 15 2009 

Mickey na visão de um dos "pais" da Marvel, Jack Kirby

Mickey na visão de um dos "pais" da Marvel, Jack Kirby

(Desculpem a demora, mas esta notícia teve tantas ramificações nas últimas semanas que o artigo precisou ser reescrito diversas vezes.)

No que é possivelmente a notícia mais importante (e surpreendente) da indústria de quadrinhos este ano, a multinacional de entretenimento Walt Disney Company adquiriu Marvel Entertainment Inc., que inclui a Marvel Comics, por um valor estimado (baseado no preço a ser pago pelas ações da Marvel, que inclui troca de ações da Marvel por ações da Disney) em cerca de quatro bilhões de dólares!

Um negócio bastante impressionante por vários fatores. O primeiro e mais óbvio é a soma investida. A Disney está pagando o equivalente a metade do seu lucro anual, uma soma impressionante comparável ao Produto Interno Bruto de Ruanda, por uma empresa que no ano passado anunciou um lucro de… 200 milhões de dólares!

Simples aritmética determina que, para recuperar seu investimento (assumindo que o faturamento da Marvel continue o mesmo), a Disney teria de esperar 20 anos! Bem, é óbvio que a companhia fundada por Walt Disney não comprou a Marvel com o objetivo de recuperar seu investimento em 20 anos, seria ridículo pensar isso! Então qual é a motivação dela?

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Fui no lançamento do novo Asterix! quinta-feira, out 22 2009 

Na noite do dia 21 para o dia 22 de Outubro aconteceu o lançamento mundial do novo álbum de Asterix, O aniversário de Asterix e Obelix, o livro de ouro.

A bela capa do novo álbum de Asterix

A bela capa do novo álbum de Asterix

O evento foi celebrado nos dezoito países em que o álbum foi publicado simultaneamente, com a impressionante tiragem total de 3,5 milhões de exemplares. Portugal é um deles (a tiragem lusa é de 60 mil exemplares, número bastante alto para o país). Fã incondicional da série, decidi desbravar a chuva forte que caía sobre Lisboa para participar do lançamento do álbum. O que eu não faço por um Asterix!

Ao chegar ao local do lançamento (a livraria FNAC do Centro Comercial Colombo, para os curiosos), notava-se logo a decoração temática, com direito até à presença dos próprios Asterix e Obelix (atores fantasiados, claro). Nada menos que duas emissoras de TV estavam cobrindo o evento, a estatal RTP e a privada TVI! Curiosamente no mesmo local se realizara poucas horas antes um acontecimento que se revelou menos mediático… O lançamento do Windows 7! Melhor sorte da próxima vez, Bill Gates…

Na palestra estavam presentes a editora de quadrinhos da Asa Maria José Magalhães Pereira, o jornalista especializado Carlos Pessoa e o filho do primeiro editor de Asterix (e de Tintim) no país, Adolfo Simões Müller. Este visionário editor (que completaria 100 anos em 2009) foi o responsável por Portugal ter sido o primeiro país do mundo a traduzir Asterix (e, novamente, Tintim!), portanto a presença do seu filho no evento foi bastante simbólica. A palestra centrou-se no tema da tradução dos nomes dos personagens da série, polêmica recorrente em Portugal desde que a prática se iniciou, na passagem da série para a égide editorial da Asa. Algo de  interesse limitado para os leitores deste blog.

Então vamos ao que realmente interessa: O álbum em si!

Esta é, como prometido, uma coleção de histórias curtas e ilustrações, efetivamente recolhendo todo o material “de arquivo” que ainda sobrava do personagem. Há até um divertidíssimo texto de René Goscinny (devidamente ilustrado por Albert Uderzo, que continua um desenhista de talento inquestionável) sobre as férias na Gália, que apesar de seus mais de 40 anos de idade mantém a verve cômica do escritor original da série. Lamentavelmente é o único material dele presente no álbum.

Este abre com uma ótima sequência inédita mostrando Asterix e Obelix cinquenta anos mais velhos, em referência ao cinquentenário dos personagens comemorado pelo álbum. A visão dos gauleses envelhecidos é bem mais engraçada do que parece à primeira vista e a sequência termina com uma divertida participação especial do autor Uderzo, que tem um certo tom de despedida.

Tom este também presente nos prefácios assinados por “Asterix” (certamente o próprio Uderzo, um tanto auto-congratulatório demais para o meu gosto) e Anne Goscinny, que derrete-se em elogios ao colega de seu pai e nas sequências de ligação entre as várias histórias do álbum. Que são, por sinal, o seu principal problema.

Ao invés de colocar as histórias separadamente, como em Asterix e a volta às aulas (Asterix e o regresso dos gauleses, na edição portuguesa), Uderzo decidiu ligar as histórias (e até as várias ilustrações, que correspondem a cerca de metade do conteúdo do álbum) com um fio condutor narrativo extremamente tênue. Isso não favorece o material e acaba resultando em um todo inferior à soma das partes. O que é uma pena, porque algumas partes são excelentes.

Vale destacar, por exemplo, uma história curta que mostra Obelix tentando aprender a ler (publicada anteriormente na revista literária francesa Lire), os “erros de gravação” do álbum Asterix e Latraviata (sinceramente bem melhores que o álbum em si…) e até uma série de pinturas de Asterix parodiando obras de arte clássicas, curiosamente similar a uma iniciativa mais antiga de Mauricio de Sousa, História em quadrões! O resultado ficou melhor que o do Mauricio (não há como negar que Uderzo é um desenhista mais habilidoso), mas não soa muito original para quem já viu o trabalho do autor brasileiro.

Curiosamente o álbum fecha com uma história curta que mostra a única piada escatológica dos cinquenta anos da série. Penso que Asterix poderia ter ficado sem isso, mas se for verdade que Christophe Arleston será realmente o sucessor de Uderzo nos argumentos, isso é algo com que os leitores terão de se acostumar…

No final, Uderzo até agradece a seus assistentes Régis Grébent e os irmãos Frédéric e Thierry Mébarki (os mesmos que nomeou como sucessores em uma entrevista recente para o Journal du Dimanche), algo bastante raro entre autores de quadrinhos. Uma iniciativa louvável!

Enfim, como eu disse o resultado é inferior à soma das partes. Eu considero que o álbum vale a compra, é certamente superior ao muito criticado volume anterior e possui várias gemas escondidas entre suas páginas, mas é um álbum de altos e baixo, prejudicado pela tentativa de Uderzo de “amarrar” tudo à força. O que, de certa forma, faz dele o final apropriado para o período “solo” de Uderzo na série.

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